O Que é TDAH? Entenda o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade

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O Que é TDAH? Entenda o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade. Você já se pegou tentando se concentrar em uma tarefa importante, mas sua mente simplesmente não colabora? Ou talvez tenha percebido que, por mais que tente se organizar, sempre acaba esquecendo compromissos e prazos? Para muitas pessoas, esses desafios são pontuais, mas para quem tem Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), eles fazem parte do dia a dia.

O TDAH é uma condição neurobiológica que afeta milhões de crianças, adolescentes e adultos no mundo todo. Sendo assim ele interfere na capacidade de manter o foco, controlar impulsos e gerenciar tarefas, impactando não apenas o desempenho acadêmico e profissional, mas também a autoestima e os relacionamentos interpessoais. Mas será que é só uma questão de falta de disciplina? Ou um problema criado pelo mundo moderno?

Sendo assim vamos esclarecer o que realmente é o TDAH, como ele se manifesta, quais são seus impactos na vida cotidiana e como é possível lidar com ele de maneira mais eficaz.

O Que é TDAH? 

Entenda o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade. A Ciência nos mostra que o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é uma condição neurológica que afeta funções executivas do cérebro, responsáveis por planejar, organizar, manter o foco e controlar impulsos. Embora muitas pessoas associem o TDAH à infância, a realidade é que ele pode persistir por toda a vida. Sendo assim  estudos indicam que cerca de 60% das crianças diagnosticadas continuam apresentando sintomas na vida adulta, o que pode acontecer é que alguns adultos desenvolvem estratégias para disfarçar alguns sintomas.

O TDAH não é frescura nem preguiça, mas sim uma diferença no funcionamento cerebral. Sendo assim pesquisas demonstram que há alterações nos níveis de dopamina e noradrenalina em regiões do cérebro ligadas à atenção, memória e controle de impulsos. Portanto, o problema não é querer se concentrar, mas sim um cérebro que funciona de maneira diferente e precisa de estratégias específicas para lidar com isso.

Os 3 Tipos de TDAH

Segundo o  DSM-5, manual de diagnósticos da psiquiatria, classifica o TDAH em três subtipos, com base nos sintomas predominantes. Portanto podemos definir como:

TDAH Predominantemente Desatento

Esse tipo de TDAH costuma passar despercebido. A pessoa não é inquieta ou agitada pelo contrário, parece até calma demais. Mas a cabeça está longe. Manter a atenção por muito tempo é um desafio. Compromissos são esquecidos com frequência, objetos importantes vivem se perdendo. Seguir instruções detalhadas vira uma luta, não por falta de capacidade, mas porque o foco simplesmente escapa. Durante conversas, parece que está ali, mas ao mesmo tempo, não está. O olhar se perde, a mente vai embora, como se estivesse em outro lugar.

TDAH Predominantemente Hiperativo-Impulsivo

Aqui, o corpo e a mente não param. Há uma inquietação constante  mexer mãos, pés, levantar toda hora. Falar sem parar, interromper os outros, tomar decisões sem pensar duas vezes. É tudo muito rápido, muito intenso. A impulsividade aparece nas palavras e nas atitudes, e muitas vezes vem seguida de arrependimento. Ficar parado por muito tempo é quase impossível, e isso pode atrapalhar em ambientes que exigem mais controle ou concentração.

TDAH Combinado (Desatenção + Hiperatividade/Impulsividade)

Esse é o tipo mais comum de TDAH. É quando os dois lados se misturam: a distração e a agitação. A mente salta de um pensamento para outro, enquanto o corpo parece estar sempre em movimento. O impacto no dia a dia é maior, porque a dificuldade aparece em várias áreas ao mesmo tempo. É cansativo tentar se organizar, focar, controlar impulsos e ainda lidar com o peso do julgamento externo.

Impacto do TDAH na Vida Cotidiana

O TDAH não aparece só na escola ou no trabalho. Ele afeta todos os aspectos da vida. Desde as pequenas tarefas até as relações mais importantes. Muitas vezes, quem convive com isso sente que está sempre um passo atrás, tentando compensar, tentando se encaixar. É por isso que é tão importante falar sobre os impactos reais dessa condição com empatia, com acolhimento e com informação.

Na Escola e na Universidade

A vida escolar pode ser especialmente desafiadora. Seguir regras, cumprir prazos, manter o foco nas aulas — tudo exige um esforço enorme. Mesmo com inteligência e criatividade, o rendimento pode não acompanhar. Esquecer tarefas, perder prazos e se distrair com facilidade acaba gerando frustração, tanto para o aluno quanto para os professores e a família.

No Trabalho

A rotina profissional também traz obstáculos. Organizar tarefas, evitar a procrastinação, manter a produtividade ao longo do dia. Tudo isso se torna mais difícil. Além disso, a impulsividade pode prejudicar relações no ambiente de trabalho. Nem sempre é fácil lidar com cobranças e expectativas quando o cérebro parece funcionar em outro ritmo.

Nos Relacionamentos

Conversar com atenção, lembrar datas importantes, controlar reações emocionais. Coisas simples para alguns, mas desafiadoras para quem tem TDAH. Esquecimentos e impulsividade podem gerar mágoas, brigas e até afastamentos. Às vezes, mesmo com muito amor e boa vontade, a convivência se torna difícil principalmente quando a outra pessoa não entende o que está por trás desses comportamentos.

Na Autoestima

Esse talvez seja o ponto mais delicado. Crescer ouvindo críticas, sentindo que está sempre falhando, deixa marcas profundas. A autoestima vai sendo corroída, e a pessoa começa a acreditar que não é boa o suficiente. Isso pode abrir espaço para sentimentos de ansiedade, tristeza e até depressão. Entender o TDAH é o primeiro passo para quebrar esse ciclo e começar a olhar para si com mais gentileza.

Dicas Práticas para Lidar com o TDAH

Viver com TDAH é, muitas vezes é como tentar organizar uma festa no meio de um furacão. Os pensamentos chegam todos ao mesmo tempo, as tarefas se acumulam rapidamente, a concentração escapa e logo em seguida, a culpa aparece. No entanto, podemos olhar para o lado positivo: embora o TDAH não tenha cura, ele pode ser administrado com estratégias eficazes, informação de qualidade e acima de tudo, com um olhar mais gentil para si mesmo.

Por isso, reunimos abaixo algumas dicas práticas que, mesmo sendo simples, podem trazer mudanças significativas no dia a dia. Com o tempo, esses pequenos passos constroem uma base sólida para uma vida mais leve, organizada e equilibrada.

Organização e Planejamento

Antes de tudo, é importante entender que um dos maiores desafios de quem vive com TDAH é organizar o que parece impossível de ser controlado. A mente muitas vezes, funciona fora de ordem, de forma não linear, e essa desorganização interna acaba se refletindo no ambiente externo.

  • Portanto, comece pelas listas. Anotar tudo o que precisa ser feito ajuda a liberar espaço mental e evitar esquecimentos. O ideal é dividir grandes tarefas em pequenas etapas, o que torna o processo menos intimidador e mais possível de realizar.

  • Além disso, utilize a tecnologia a seu favor. Aplicativos como Trello, Notion ou Google Agenda são grandes aliados. Eles ajudam a visualizar o que está por fazer, a definir prioridades e a manter o foco. Quando bem usados, esses recursos oferecem estrutura e clareza.

  • Estabelecer uma rotina também é essencial. Criar horários fixos para acordar, trabalhar, descansar e dormir traz mais estabilidade ao dia. E mesmo que nem tudo saia como o planejado, essa previsibilidade reduz a ansiedade e melhora o rendimento geral.

Controle da Impulsividade

A impulsividade é um dos traços mais marcantes do TDAH. Frequentemente, a pessoa fala antes de pensar, toma decisões precipitadas ou reage com intensidade a situações que exigiriam mais calma. Entretanto, com o tempo e prática, é possível desenvolver um autocontrole mais saudável.

  • Primeiramente, pratique a pausa consciente. Em momentos de tensão ou tomada de decisão, pare por um momento. Respirar fundo e contar até cinco pode parecer pouco, mas é uma maneira eficaz de interromper o impulso automático.

  • Além disso, escrever ajuda a organizar o pensamento. Quando uma situação emocionalmente intensa surgir, tente colocar os sentimentos no papel antes de agir ou responder. Essa simples atitude pode evitar conflitos e arrependimentos.

  • Outra estratégia poderosa é o movimento físico. Incorporar atividades físicas na rotina ajuda a canalizar a energia e reduzir a inquietação. Caminhar, correr, dançar ou praticar qualquer exercício regularmente melhora o humor e favorece a autorregulação.

Técnicas para Melhorar a Concentração

Manter a atenção por longos períodos pode ser extremamente difícil para quem tem TDAH. Contudo, é possível adotar estratégias que ajudam o cérebro a se concentrar de forma mais eficaz,  mesmo que seja por períodos curtos.

  • Antes de tudo, minimize as distrações. Sempre que possível, escolha ambientes tranquilos e organizados. Mantenha apenas o necessário por perto, afaste o celular e comunique às pessoas próximas que você precisa de um tempo de foco.

  • Depois, experimente a técnica Pomodoro. Essa metodologia consiste em focar por 25 minutos e depois fazer uma pausa de 5. Após quatro ciclos, descanse por um período mais longo. Essa alternância entre foco e descanso mantém a mente ativa sem exaustão.

  • Além disso, explore o poder do som. Muitas pessoas se concentram melhor ouvindo música instrumental, ruído branco ou sons da natureza. Teste diferentes opções até encontrar aquilo que acalma a mente e favorece a atenção.

Busque Apoio Profissional

Mesmo com todas essas estratégias, é fundamental lembrar que o acompanhamento profissional é insubstituível. O TDAH é um transtorno complexo, que afeta múltiplas áreas da vida, e precisa ser tratado com conhecimento e cuidado técnico.

  • A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma excelente aliada. Por meio dela, é possível aprender técnicas para organizar o cotidiano, controlar impulsos e reestruturar padrões de pensamento que costumam ser muito autocríticos.

  • Além disso, o acompanhamento com um psiquiatra é essencial. Em alguns casos, o uso de medicamentos pode ser indicado para melhorar a atenção, reduzir a impulsividade e equilibrar o funcionamento do cérebro.

  • E não menos importante, procure conexão com outras pessoas. Grupos de apoio, comunidades online ou rodas de conversa ajudam a perceber que você não está sozinho. Compartilhar vivências com quem passa pelas mesmas lutas traz acolhimento e força.

Conclusão

O TDAH é real, complexo e, sim, muitas vezes desafiador. No entanto, ele também pode ser um convite para desenvolver uma relação mais consciente e amorosa consigo mesmo. Com informação adequada, estratégias consistentes e apoio especializado, é possível viver bem e até transformar aquilo que antes era visto como fraqueza em fonte de força e autoconhecimento.

Mais importante do que tentar “corrigir” o TDAH é aprender a conviver com ele de forma mais leve. Compreender seus limites, respeitar o próprio ritmo, reconhecer suas habilidades e, sobretudo, abandonar a ideia de que é preciso se encaixar em padrões rígidos para ser suficiente.

Se este conteúdo tocou você ou te lembrou de alguém, compartilhe. Quanto mais falarmos sobre o TDAH com empatia e clareza, mais espaço abrimos para o entendimento, o acolhimento e a construção de uma sociedade realmente inclusiva.

E lembre-se, acima de tudo: o TDAH é apenas uma parte da sua história  não define quem você é. Trabalhar com a sua mente, em vez de lutar contra ela, pode ser o começo de uma vida muito mais leve, produtiva e em paz com quem você realmente é.

4 comentários em “O Que é TDAH? Entenda o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade”

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